quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Mário Quintana

Eu sempre fui fã de Mário Quintana, desde a infância leio seus poemas e alguns deles acabaram se revelando muito especiais pra mim... Assim sendo, vale agora retribuir o favor e "divulgar" alguns deles...

CANÇÃO PARA UMA VALSA LENTA

Minha vida não foi um romance...
Nunca tive até hoje um segredo.
Se me amas, não digas, que morro
De surpresa... de encanto... de medo...

Minha vida não foi um romance
Minha vida passou por passar
Se não amas, não finjas, que vivo
Esperando um amor para amar.

Minha vida não foi um romance...
Pobre vida... passou sem enredo...
Glória a ti que me enches a vida
De surpresa, de encanto, de medo!

Minha vida não foi um romance...
Ai de mim... Já se ia acabar!
Pobre vida que toda depende
De um sorriso... de um gesto... um olhar...

QUANDO EU MORRER
 
Quando eu morrer e no frescor de lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixai-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!

Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que lindo a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da Expressão!...

Eu levarei comigo as madrugadas,
Pôr-de-sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas.

E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios de vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra do seu negro manto...

DA ARTE PURA
 
Dizem eles, os pintores, que o assunto não passa de uma
falta de assunto: tudo é apenas um jogo de cores e volumes.
Mas eu, humanamente, continuo desconfiando que deve haver 
algumas diferença entre uma mulher nua e uma abóbora.

 

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