segunda-feira, 20 de junho de 2011

Sobre Meninos e Lobos

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Eu já disse várias vezes e continuo dizendo, adoro Clint Eastwood. Depois de reassistir Sobre Meninos e Lobos  essa adoração cresce ainda mais. Eu vi o filme na época do lançamento em 2003 e desde então não tinha visto de novo, mas acabei de assistir e me lembrei o porque adoro esse longa.
O cinema está cada vez mais maniqueista, ou seja, vivemos um período em que os filmes são divididos por mocinhos ou bandidos, tudo muito simples e claro. Mas aí ainda existem diretores como Clint Eastwood e filmes como Sobre Meninos e Lobos (adaptação de livro de mesmo nome, Mystic River no original) onde o mundo não é tão preto e branco, mas na verdade muito cinza.
É impossível não se envolver pela história dos três meninos de Boston e a tragédia que os une. Num dia normal da infância dos três, Sean (Kevin Bacon), Jimmy (Sean Penn) e Dave (Tim Robbins), brincavam na rua quando um carro parou e interrompeu a diversão dos garotos. Dave foi convencido a entrar no carro de um suposto policial que estava com um padre. Aí é onde tudo dá errado e marca a vida dos garotos pra sempre. Os homens eram pedófilos que sequestraram Dave por quatro dias e o molestaram. 
Vinte e cinco anos depois cada um foi pro seu lado, Jimmy foi preso e solto e agora tem um armazém no bairro, Sean se tornou policial, está em crise no casamento e não vê a mulher há seis meses e Dave se casou e teve um filho, mas leva uma vida isolada e sem futuro. Eles não mantem mais contato. Isso até o dia em que a filha mais velha de Jimmy, Katie é morta e os três se reencontram por mais uma tragédia.
Neste ponto nos aprofundamos nas vidas dos três protagonistas, vemos o quanto Jimmy sofre pela morte da filha, a insegurançã de Sean com relação à mulher e a loucura que Dave carrega consigo desde a infância. Desconfiança, egoísmo, impotência, fraqueza, insegurança, ódio, são todos sentimentos que em algum momento os três apresentam. Esse é o grande ponto do filme e o maior mérito de Eastwood.
Saindo um pouco da história e falando sobre a equipe técnica, é impossível não ver um filme desses camaradas que juntos somam sete indicações ao Oscar e cinco estatuetas. Clint Eastwood tem as suas duas por Os Imperdoáveis, Brian Helgeland tem uma e Henry Bumstead tem mais duas. É difícil falar mal do trabalho desses caras.
Porém não é só isso que faz a diferença; o que realmente impressiona no longa são as atuações de Sean Penn e Tim Robbins. O primeiro mostra que mesmo os brutos amam e que fazem tudo por esse amor, tudo mesmo (curiosamente Penn lembra muito Robert DeNiro em algumas cenas dramáticas). Já o segundo é responsável por uma das melhores  interpretações que já vi. Tim Robbins é o destaque do longa por mostrar o quanto um evento na infância pode influenciar a vida de uma pessoa. Com um único olhar ele nos mostra uma pessoa vazia e perdida, sem perspectivas e que não sabe bem o que fazer pra viver, não sabem nem se vale a pena viver. 
Para aqueles que gostam dos filmes simples e acerebrados, fiquem longe deste longa, mas se você está a fim de um entretenimento de verdade corra atrás e descubra o que há "sobre meninos e lobos", vale a pena. 

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